Bom, se você é um profissional que quer se tornar musicoterapeuta (MT), com toda certeza você precisa saber como funciona a sua futura profissão, não é mesmo? E se você for um pai, mãe ou responsável por uma criança e está em busca de uma terapia que seja realmente eficaz pra ela, você também tem toda a curiosidade para entender o que seria essa tão falada terapia. Nesse artigo veremos 3 passos principais que definem as sessões de musicoterapia:
- Primeiro passo: Anamnese
- Segundo passo: Avaliação
- Terceiro passo: a musicoterapia na prática
- Como funciona a sessão?
- Considerações importantes

A primeira coisa que devemos deixar claro aqui é que cada musicoterapeuta pode ter uma forma autêntica e diferente, porque a musicoterapia é uma profissão bastante eclética e flexível. Então as abordagens que o terapeuta escolher, vai influenciar em como conduz suas sessões.
Aqui vou trazer alguns passos de como eu conduzo o início do tratamento, desde o primeiro momento em que recebo um novo paciente (sim, alguns dizem clientes, integrantes, eu uso paciente pra me aproximar cada vez mais da área da saúde que é onde a musicoterapia está) até como posso conduzir a sessão dentro do setting terapêutico.
1. Primeiro passo: ANAMNESE

Essa etapa é muito importante pois é através dela que recolhemos todas as informações importantes sobre o paciente. A anamnese nada mais é do que um questionário norteador de identificação do seu paciente. Nela deve conter coleta de dados pessoais, histórico médico e terapêutico, informações sobre o desenvolvimento (habilidades e dificuldades) do público-alvo, questionário musicoterapêutico para o profissional identificar e traçar os objetivos do tratamento.
No meu caso, como atendo crianças, essa etapa é feita apenas com os pais, podendo ser online ou presencial. Esse não é momento de interagir diretamente com a criança, mas fazer a conversa com os pais. Na anamnese vocês podem ajudar a família a entender o que é a musicoterapia e alinhar os objetivos do trabalho. Para o paciente adulto que tenha condições de responder por si mesmo, a anamnese pode ser feita diretamente com ele.
2. Segundo passo: AVALIAÇÃO

Nesse momento teremos o primeiro contato com a criança, onde o MT irá fazer a testificação musical e identificará quais são os pontos de atenção com relação ao desenvolvimento da criança. Essa avaliação poderá ser feita através de protocolos de avaliação musicoterápica ou também, através de observação clínica.
Nela o MT será o único responsável por identificar os objetivos reais do trabalho com o paciente, colocando em objetivos gerais e específicos, e ainda, definir quais os métodos e materiais que utilizará com os pacientes de acordo com a individualidade e preferência dos mesmos. A quantidade de sessões de avaliação fica a critério do MT e se irá oferecer uma devolutiva ao final desse período também. Após essa etapa inicia-se efetivamente a intervenção, ou seja, o tratamento musicoterápico.
3. Terceiro passo: a musicoterapia na prática

Agora vamos pensar um pouco na parte prática, porque aí que muita gente tem curiosidade sobre a sessão. Primeiramente, uma sessão pode durar entre 30 min até 1h dependendo da necessidade do paciente, mais comum encontrar sessões de 45 minutos. E esta poderá ser individual ou grupal.
Quando se trata de terapia infantil, a música pode ser uma aliada extraordinária, especialmente para crianças com distintos interesses e necessidades. E um detalhe importante que devemos considerar enquanto musicoterapeutas, é a adaptação de atividades, utilizando as técnicas de composição, re-criação, improvisação e escuta musical, tanto para as crianças que são naturalmente atraídas pela música quanto àquelas que demonstram outros tipos de interesses.
Como é uma sessão?
Diferente do que muitos acreditam, a sessão de musicoterapia não é sobre tocar um instrumento enquanto a criança escuta ou mesmo fazê-la cantar/tocar canções de interesses, no ritmo ou tom. Ela vai muito além disso.

Para crianças que demonstram uma paixão intrínseca por música, esta se torna o carro-chefe das sessões terapêuticas. A música não só servirá como motivação, mas também como um meio para atingir objetivos terapêuticos específicos do seu desenvolvimento. As atividades podem incluir o uso de instrumentos musicais, músicas gravadas, e até a criação de músicas durante as sessões. As propostas podem ser lúdicas, com danças, desafios sonoros, produção musical, cantorias e muitos outros recursos musicais. Assim como também poderá usar materiais visuais adaptados para desenvolver a cognição, ampliar a compreensão de mundo, categorização de repertório verbal e vários outros objetivos inerentes às suas necessidades.
Crianças que não demonstram um interesse imediato pela música também podem se beneficiar da musicoterapia. Nesses casos, o primeiro passo é identificar os principais interesses da criança, como por exemplo, a criança que gosta de atividades que envolvam movimento. A música, então, servirá de suporte para essas atividades, criando um ambiente estimulante e envolvente. Sons e ritmos podem ser usados para encorajar a movimentação, criando uma experiência lúdica que cativa a atenção da criança e promove o desenvolvimento de habilidades motoras e de interação social. Assim, podemos ampliar o interesse pela música e sonoridades, através dessas brincadeiras e até mesmo dessensibilizar as percepções e sensibilidades sobre os sons que a criança possa apresentar.
Levando em consideração

Ao final de cada sessão, sempre busco compartilhar observações e progressos com os pais, oferecendo orientações específicas para que possam continuar a estimulação em casa. A comunicação clara e positiva ajuda a reforçar os ganhos da terapia e envolve a família no processo terapêutico, criando um ambiente de suporte e compreensão para a criança. Porém evito falar qualquer observação negativa na frente da criança pois naquele momento ela pode não ter habilidades suficientes para expressar o que sente, se sentindo exposta.
A flexibilidade dessas propostas é muito importante na musicoterapia. Observar e adaptar-se ao que mantém a criança engajada permite que o terapeuta troque atividades sem perder o foco terapêutico, mantendo a sessão produtiva do início ao fim. A alternância entre diferentes brincadeiras, mantendo o elemento musical presente, ajuda a manter a criança motivada e aberta à interação.
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