Há um bom tempo, já ouvimos falar sobre a musicoterapia, suas características e diferenciação da musicalização, não é mesmo? Porém, ainda na atualidade ouvimos frequentemente o nome da musicoterapia sendo usado em contextos não-terapêuticos. Então pra que esse entendimento se consolide e fortaleça a profissão, vamos definir aqui 6 atividades que NÃO são musicoterapia.
1. Músicas de ambiente

Sabe quando você vai a um ambiente onde tem músicas relaxantes que ajudam a trazer calma para o lugar? Como em um mercado, um SPA, em uma massagem, em recepções de clínicas, hospitais ou mesmo dentro de pet shop para acalmar os animaizinhos? Pois é! Isso não é musicoterapia.
Esse é apenas um recurso sonoro que pode influenciar o ambiente, moldando o comportamento das pessoas que ali frequentam ou mesmo para entreter e distrair a mente enquanto esperam.
2. SESSÕES COM OUTRO PROFISSIONAL

Se um profissional que não é musicoterapeuta colocar uma música pra tocar enquanto conversa com seu paciente, trazer uma proposta de escuta, mentalização da letra, sonoridades ou mesmo fazer música com seu paciente na sessão, ainda não será musicoterapia. Mesmo em um ambiente terapêutico para fazer uma massagem enquanto aprecia uma música zen. Por mais que esses momentos tragam vivências importantes para o cliente, para ser considerado musicoterapia, precisa do profissional formado e devidamente capacitado em musicoterapia, pois é ele quem aplicará técnicas específicas para as experiências musicoterapêuticas que avaliar importante.
A qualificação é extremamente necessária para que o profissional não acabe causando nenhum tipo de iatrogenia nesse processo.
3. OUVIR MÚSICA

Eu sei! Eu sei que muitas vezes você pode ouvir uma música que fará toda a diferença no seu dia, vai mexer com emoções e depois de escutá-la, vai te dar aquela sensação terapêutica. Maaaasss… isso ainda não é musicoterapia. O que é então? Esse é apenas o efeito de escutar música. Ela libera dopamina no cérebro e causa sensações de bem-estar, igual a quando comemos um chocolate delicioso. Pode continuar escutando suas músicas sempre que quiser, mesmo aquelas músicas só pra relaxar em casa. Mas pra ser musicoterapia, precisamos de um musicoterapeuta junto, ok?
4. FAZER UMA AULA DE MÚSICA

Da mesma forma que ouvir aquela música favorita te provoca sensações de bem-estar, fazer uma aula de música pode também trazer esse sentimento. Aprender um instrumento estimula o seu próprio desenvolvimento e seu cérebro sente essa recompensa. Tudo isso, não tem como negar, vai promover extremo prazer e você se sentirá tão feliz que parecerá até que acabou de sair de uma terapia, leve e confiante. Mas lembre-se, essa ainda é uma aula de música. E continueeee… você vai se sair super bem!
5. MÚSICOS QUE TOCAM NO HOSPITAL

Esse caso aqui traz muita confusão… como assim não é musicoterapia se está tocando no hospital para trazer alegria e esperança para os pacientes? Calma que eu explico!
Quando um grupo de músicos toca em hospital é considerado uma performance. Porque os músicos tem intuito de modificar o ambiente e trazer vivências musicais para os pacientes, que geralmente são focadas na produção musical.
Diferente dos musicoterapeutas, que quando fazem intervenções no hospital, levam experiências terapêuticas pré-estabelecidas e focadas principalmente no indivíduo, como forma de modificar histórias, qualidade de estadia no ambiente e promoção de saúde. Fatores diretamente vinculados às técnicas musicoterápicas.
6. SEM A TRÍADE: MÚSICA, MUSICOTERAPEUTA E PACIENTE

Enquanto não existir essa tríade bem estabelecida não será musicoterapia. Porque ela é a experiência que acontece em relação a vivência promovida pelo musicoterapeuta através da música para, e com, o paciente.
Segundo a União Brasileira de Musicoterapia, em busca de uma definição completa sobre a profissão, “Musicoterapia é um campo de conhecimento que estuda os efeitos da música e da utilização de experiências musicais, resultantes do encontro entre o/a musicoterapeuta e as pessoas assistidas.
A prática da Musicoterapia objetiva favorecer o aumento das possibilidades de existir e agir, seja no trabalho individual, com grupos, nas comunidades, organizações, instituições de saúde e sociedade, nos âmbitos da promoção, prevenção, reabilitação da saúde e de transformação de contextos sociais e comunitários; evitando dessa forma, que haja danos ou diminuição dos processos de desenvolvimento do potencial das pessoas e/ ou comunidades.
O musicoterapeuta é o profissional de nível superior ou especialização, com formação reconhecida pelo MEC e com registro em seu órgão de representação de categoria. Ele/a é habilitado/a a exercer a profissão no Brasil. Ele/a facilita um processo musicoterápico a partir de avaliações específicas, com base na musicalidade e na necessidade de cada pessoa e/ou grupo. Estabelece um plano de cuidado e um processo musicoterápico a partir do vínculo e de avaliações específicas atendendo às premissas de promoção da saúde, da aprendizagem, da habilitação, da reabilitação, do empoderamento, da mudança de contextos sociais e da qualidade de vida das pessoas, grupos e comunidades atendidas. O musicoterapeuta pode atuar em áreas como: Saúde, Educação, Social / Comunitária, Organizacional, entre outras”. (UBAM, 2018)